Por ejemplo, en el pueblo de Diamante a la hora de la siesta llego y me voy a la orilla del río, veo una señora sentadita y entonces pregunto obviedades, le digo: "¿Usted es de acá?" Tiene una sillita y me dice: “Sí, estoy sentada a favor del río” y sigue: “¿Ve? Del otro lado está Coronda y a la noche miro las estrellas, viera cómo loquean”. Es hermoso porque al decir que loquean está implicando una visión distinta, es decir, ella las ve como un universo móvil.


En Victoria, cerca de Diamante, fuimos con unas señoras a una laguna y pasamos por una especie de capilla que una de ellas cuidaba. Le digo: “Qué lindas sus plantas”, y me contesta: “Mucho han guapeao”. Yo pensé que un guapo era alguien con un cuchillo. Para ellas, ser guapo es resistir. Aprendo cosas del lenguaje o de formas de pensar. A veces me han dado una lección.

Hebe Uhart
O preconceito lingüístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo... Também a gramática não é a língua.

A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos, mas é parcial (no sentido literal e figurado do termo) e não pode ser autoritariamente aplicada a todo o resto da língua — afinal, a ponta do iceberg que emerge representa apenas um quinto do seu volume total. Mas é essa aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia geradora do preconceito lingüístico.

Marcos Bagno